domingo, 27 de junho de 2010

Educaçao,Orkut e celular

É comum ouvir dizer por aí que a educação necessita de mais investimentos financeiros, pois as escolas estão precárias e mal administradas. Uma pequena parte disso é verdade pois faltam investimentos que não são somente financeiros, mas também humanos e culturais.

Parto da minha experiência como licenciando em história, como futuro educador, como estagiário e observador crítico do ambiente escolar para fazer breves apontamentos sobre o assunto. Nos últimos meses tenho investido algum esforço em acompanhar pesquisas na área de educação e acompanhar professores e coordenadores de escolas públicas.

Muito do que percebo da realidade escolar está relacionado com o descaso em relação à educação pública. As escolas públicas - em especial as estaduais – sobrevivem entre problemas internos e externos, dos mais variados. A falta de preparo dos profissionais da área de educação, dos que administram, coordenam e se comprometem com o bom funcionamento da escola é um dos principais problemas internos.

Outro fator explícito é a dificuldade dos profissionais da educação que trabalham em escolas públicas em assimilar os alunos como contemporâneos, como indivíduos inseridos no mundo da informação em quantidade. Muitos professores são incapazes de lidar com a linguagem da tecnologia, da moda e do mundo da violência. Hoje, para uma criança, é muito mais fácil operar um telefone celular de ultima geração que localizar um livro na prateleira da biblioteca.

As crianças, mesmo as de periferia, entendem a linguagem das ruas, da tevê e até do orkut, mesmo com o mais restrito acesso à internet. Essa é a realidade que os profissionais da educação que se formam não estão preparados para enfrentar. Em uma pequena escola estadual de Belo Horizonte, por exemplo, um aluno de 12 anos me perguntou se eu já possuía email e msn. Perguntas assim são freqüentes, embora seja constatado que a maioria desses alunos não possuem internet em casa.

Já nas escolas particulares, celular, Mp3, iPod, internet, Orkut, são termos tão comuns que não fazem parte da fantasia dos alunos, e muito menos são um fetiche dos mesmos, ao contrário do que acontece nas escolas públicas. Os professores das escolas particulares são constantemente avaliados e adequados não só pela logica do trabalho e do vestibular, mas do novo fluxo de informação, das novas linguagens e das novas metodologias de educação.

Esse problema envolve ainda a sexualidade dos alunos que estão cada vez mais 'entendidos' que as gerações anteriores. Sexo, masturbação, pornografia, homossexualismo e prostituição são temas nada estranhos para os garotos que têm em média 11/12 anos. Como lidar com isso? Como ir além dos nossos limites de compreensão do mundo?

Estas são perguntas que devem ser de toda sociedade, partir de todos os núcleos, sejam eles os núcleos mais conservadores ou os mais radicais. Não basta só dizer que a família está desestruturada, que a televisão é nociva para educação e que a internet está cheia de merda. Hoje os parâmetros são outros, e devem ser mais próximos do parâmetro do filho que nasce que do parâmetro do pai que morre.

O clichê mais repetido, que “educar também é aprender”, ainda é válido. Aprender com a realidade dos alunos para que eles tenham autonomia para atuar e mudar seu próprio meio

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